sábado, 2 de abril de 2011

O Fogo.

Eu ouço uma melodia melancólica, me traz inquietação na alma. É como o fogo de uma paixão que arde por toda minha essência, me trazendo saudade de algo que eu não gosto de lembrar, me lembrando de que o céu continua cheio de nuvens, eu posso tocá-las?
Cada nota soa suave, me trazendo de imediato um sorriso no rosto marcado pela dor contida, e um arfar de esperança, mesmo que eu não acredite nessa força. É como o roçar de uma folha sobre a pele, é como se eu estivesse em outra época, cercado pelas coisas que eu mais admiro neste mundo em sua simplória trajetória, é como um rasgo que começa nas minhas concepções e termina partindo em dois meu coração petrificado pelas cicatrizes.
Eu posso tocar a melodia, e sinto que posso flutuar em meio aos acordes, em perfeita sincronia com as lágrimas que não existem. É como se eu estivesse trancado em um círculo e só pudesse contemplar as chamas a minha volta, absorto, fora de mim. É como se eu tocasse o universo, e por uma fração de segundo pudesse esquecer tudo o que me tornei e pudesse apenas ser feliz.
A música que me invade é como o fogo, que enquanto dura muda tudo o que toca. Eu me pergunto hoje se eu posso encontrar algo que me dê essa sensação ímpar sem que seu fluxo acabe, mesmo que não existam mais cadências, acordes e notas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário