quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ruas, Árvores e Casas de Madeira.







Hoje a melancolia de uma banda alemã chamada Debbie Rockt! fomentou utopias que já estavam esquecidas a algum tempo, bem, músicas são como gatilhos, se a música é animada é bem provável que ela me cause uma animação momentânea, ou seja, enquanto durar a música sentirei a energia da mudança fluir em minhas veias e vou cogitar correr, emagrecer, gritar eu te amos para o mundo, mas caso ela seja melancólica ela desperta em mim algo doce, utopias, medos, mágoas me fazendo mergulhar em mim de forma profunda e nada benéfica, nunca é benéfico. A música que eu ouço à horas é Auf Der Jagd.
Geralmente quando a madrugada está terminando eu me pego vendo milhões de notícias aleatórias na internet, já que meu amigo Luan, que mora no Sul já foi dormir, sim, difícil ir até as 3 conversando com um louco como ele faz, enfim, meu amigo, ta dormindo agora, tomara que bem. A Adrielle também já dorme, ainda bem que não está mais com o sono desregulado e tal, fico feliz por ela. Como eu ia dizendo, a Wikipedia me ajuda muito a passar o tempo, e como é prazeroso sabe? Ver imensos assuntos relacionados, parece que quanto mais eu absorvo informação, mais eu me sinto parte de algo maior, do mundo, meu sonho de hoje, que foi ressuscitado pela música da banda alemã é este, ser um cidadão do mundo, com direito a correr pelas ruas cheias de árvores norte-americanas, sentar na varanda das casas de lá que são feitas de madeira e me sentir completo e um com tudo.
Tudo começou com um episódio da Ugly Betty, que passa no SBT, bem, eu nem acompanho mais, mas sei que os EUA são inteligentíssimos, sabem como manipular séries para nos deixar com uma sensação de nostalgia e melancolia, de dor e incrivelmente esperança, em ser feliz, em encontrar um amor maior que as dificuldades e acima de tudo, acreditar nele, na duração imensa do mesmo, até a velhice, até o fim. Lá vai o Manoel se imaginar velhinho sentado com a sua utopia na sacada das casas de madeira, nas ruas cheias de árvore nos EUA. E sabe o que me dói? Porque eu sei que quando conseguir faze-lo, correr pelas ruas cheias de árvores e morar nas casas de madeira já estarei velho, envelheço a cada segundo, minha vida me deixa a cada segundo. E Senhor, não quero que essa utopia me deixe, porque me imagino velho, mas quero que ela se vá para que eu não sofra com expectativas.
Sinto que minha juventude se vai, me deixa a cada minuto e não vivi nada, não estou nem aqui agora, tentando adiar meus problemas, trancado nessa casa, encima dessa cama atraente que me quer para sempre, e sabe? Eu também a quero, acho que poderia ficar aqui para sempre, mas a minha utopia das casas de madeira, do meu amor, das árvores e as ruas dos EUA me machucam agora, porque sinto que são sopros de tentativas de reviver algo que era forte em mim, Fé, inexistente não existe em nenhuma parte do meu cérebro e dos meus sonhos. Só quando envolvem músicas cristãs, ah, eu voltaria para a igreja por causa das músicas que me atravessavam de Fé, mas também passa quando elas acabam.
Que raios sou eu? Sou a máquina que produz utopias e vive em prol de sofrer pelo que elas causam? Mas meu Deus, eu não sei como lidar com elas, talvez se elas não existissem eu pudesse me contentar então com qualquer futuro, mas não posso.
Então, li a sinopse do último capítulo da Ugly Betty, quando ela fica bonita, vi uma foto dela e de alguns finais, de outros personagens, poxa, eles sempre parecem felizes nos finais, e como conseguem aliar essa melancolia com felicidade? Só os produtores de série sabem como produzir tal efeito em nós, pelo menos em mim, mas acho que é em nós mesmo senão não venderiam tanto. Santos americanos, vendendo imagens de sonhos compactados em imagens de ruas cheias de árvores, casas de madeira, e velhinhos felizes nas sacadas vivendo um amor condicional. Tá, eu sei que na prática a realidade pregada nas minhas utopias são diferentes, mas mesmo que sejam eu sinto que nunca saberei se são mesmo, porque só ficarão no plano das utopias, algo que eu nunca poderei viver.
Outra coisa que eu já não aguento é saber que eu não gosto de mim, de me odiar propriamente dito, saber que as pessoas notam que eu não gosto de mim e que elas acabam não gostando de mim porque eu mesmo não o faço e mesmo assim eu ainda procurar formas de me relacionar com as pessoas, não entendo, se eu me julgo tão deplorável, feio e sem futuro, porque raios eu ainda procuro ter um? Eu não me suporto por não suportar a ideia de ser tudo isso que citei, deveria me conformar, de certa forma eu me conformo, mas acontece sempre, na primeira oportunidade eu já uso do que tenho para convencer alguém que eu sou diferente, que o amor verdadeiro existe, já sabendo que mais tarde vou destruir minha mente e a da vítima. Tudo expectativa, tudo expectativa chula, das duas partes, principalmente da minha. No final das contas que se dane o interior, o exterior é que vende mesmo, mas eu nem sei porque eu ainda estou batendo nessa tecla. Oh Senhor, me leve para longe, para morrer sozinho, não quero sentir mais isso!
O assunto da Wikipedia hoje são novelas, sim, eu gosto de novelas, muitas me lembram minha infância, mas o que eu via na wikipedia era informações sobre a venda dos direitos das mesmas para emissoras de outros países. A ideia de que as tramas que eu presenciei foram vistas por pessoas de outra cultura, ou seja, o drama, as risadas, o final melancólico foi sentido por pessoas de longe me dá uma alegria e uma tristeza fora de série. Porque eu sinto que estou desconectado de tudo, não bastasse eu já não entender o que acontece a minha volta, não entendo o que acontece lá fora, e sempre foi um desejo meu, me sentir conectado com tudo, com o mundo, com um alvo, com algo maior que eu e que me unisse á pessoas de todos os lugares. Por isso eu admiro a religião, por isso eu admiro as seitas internacionais e empresas, a música e as séries, porque isso nos liga com algo em comum, nós do mundo inteiro.
No começo do texto eu estava pensando em mais uma vez em querer com alguém que eu ame, pra sempre, e a necessidade de não machucar mais ninguém e morrer só. Já penso em parar por aqui, já que está muito ruim para pensar em possibilidades e expectativas frustradas. Porque Deus fez o brinquedinho Manoel? Pra ver quantas utopias ele pode abraçar e arcar com seus preços? Pra deixar mais do que claro que ele está envelhecendo e que a juventude vai passar tão rápido quanto segundos? Aonde ele estará? Na cama de madrugada ao som de alguma música melancólica escrevendo pra ninguém? Só ele sabe, se ele souber, se ele estiver aí, ou aqui, Deus? Pode me ouvir? Pode me curar? Pode me dar um sentido de viver? Pode me dar um amor que me leve até a velhice? Pode me dar uma casinha de madeira enquanto sou jovem na beira de uma rua cheia de árvores? Pode me dar alguém que aprecie isso e me de valor? Acho que não, não agora, não sei.

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