sábado, 28 de janeiro de 2012

Templo de Arquétipos dos Mil - Manoel Carneiro

Reinam nesse castelo, morte e vida, paz e caos.
Reinam o suicida, todas as vidas, mil reféns.

Força oposta, grande mal,
Dominantes, um por vez.

Toma-me, queima-me, torna-me farol,
Brilha em mim, toda dor enquanto houver,
Decifra-me,
Templo de arquétipos dos mil.

Nobres e traidores, mártires santos e o santo fogo, venham já!
Venham, para o banquete onde a cabeça é de voz.

Porque não pode morrer, o torturem, pois não vai.

Toma-me, queima-me, torna-me farol,
Brilha em mim, toda dor enquanto houver,
Decifra-me,
Templo de arquétipos dos mil.

Vem, sinta compaixão,
Sinta dor ou nojo aqui, em mim.

Reze, para que um Senhor,
Mate seus rivais e assuma a casca então.
Que seja um!
É o mal?
É o bom?
É o neutro?
Quem é Deus?

É o mal?
É o bom?
É o neutro?
Quem é Deus?

O Senhor do Templo tem mil faces fortes e fracas todas são.
Quando o Templo então cair, liberta a casca.
O Senhor do Templo são mil vozes em fúria sobre o altar.
E o Templo vai cair, vai cair, vai cair, já não há forças nas colunas de terror.
E o pesar, o chorar, dos que observam chamas no altar.
Vai cair, vão cair, só as chamas purificam o Refém,
O Refém, o Refém, que abraça o Poder, o Refém,
Vão cair inocentes lágrimas dos que nada vem, além dessas chamas no altar.

Entre e contemple o vazio, se é puro.
Entre, pois os Deuses são vazios,
Só a Ave que também leva o sacrifício em si,
Só a Ave que também é um templo pode ver,
Só um Templo pode então ter colunas de terror,
Ter os olhos de terror, reconhecer Terror em si,
Perceber que não é um, mas que ainda está só.
Voar alto sobre o céu, sobre as nuvens do luar,
Afastando-se dos bons, afastando-se por bem,
Pelo bem do puro que tenta entender o mal,
Tenta tocar o poder e seu sangue queima então.
Só a Ave pode ver, só a Ave entendeu.

Caia então o Templo Mal,
E liberte a Ave então.

Caia toda maldição,
Caia então, Caia então,
Caia então, Caia então,
Caia então, Caia então,
Caia então, Caia então!

Toma-me, queima-me, torna-me farol,
Brilha em mim, toda dor enquanto houver,
Decifra-me,
Templo de arquétipos dos mil.

Toma-me, queima-me, torna-me farol,
Brilha em mim, toda dor enquanto houver,
Decifra-me,
Templo de arquétipos dos mil.

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